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Madalena Barros

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Jornalista, Pós-Graduada em Comunicação Educacional, Gerente de Negócios das marcas Natura e Avon.

Sobre o amor e seus ciclos, um ensaio no Dia dos Namorados 1c6d6x

Por Madalena Barros
Publicado em 13 de junho de 2025 às 8:01

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Amar é como viver dentro de um calendário que não respeita os meses nem os anos. O amor tem seus próprios ciclos — começa como um verão ensolarado, de mãos dadas e promessas ao vento, a pelos outonos do silêncio, pelos invernos do distanciamento e, se houver sabedoria, chega às primaveras da reinvenção.

No Dia dos Namorados, é fácil falar do começo: o frio na barriga, os olhos que se buscam em meio à multidão, o desejo de ficar até tarde mesmo com sono ou até de dormir no ombro do outro em um barzinho, porque a exaustão é grande, mas a vontade de estar junto é maior.

O amor que resiste, que dura, é aquele que aprendeu a atravessar os meios — onde a rotina pesa, os defeitos aparecem e o outro deixa de ser espelho e a a ser, de fato, um outro que é irado ou que pede ajuda para ser moldado. Isso pode ser feito a quatro mãos e o resultado, quando bem feito, é fantástico.

O que faz então alguns casais atravessarem décadas juntos? Seriam os filhos? Em parte, sim. Filhos amarram a história a um “nós” maior do que os próprios dois. Mas filhos não salvam o que já está sem chão. Eles adiam crises, cobrem rachaduras por um tempo — mas não sustentam o edifício se as fundações ruíram.

A solidez vem quando ambos caminham juntos. Não no mesmo ritmo sempre, mas com o mesmo propósito. Quando um corre e o outro ainda engatinha, a paciência vira ponte. Mas se um insiste em correr para longe e o outro nem tenta entender o porquê, a distância cresce até se tornar abismo. Às vezes, um dos dois acorda tarde demais — e a relação já não está mais ali.

Antigamente, era diferente. O silêncio das mulheres sustentava muitos lares. O provedor mandava e o amor era frequentemente confundido com dever. Havia menos separações e também menos espaço para escuta, para troca, para o florescimento individual. Muitas mulheres amavam sozinhas, e muitos homens nunca aprenderam o que era amar de verdade. Alguns dividiam tanto que as migalhas que sobrava para sua própria casa não supria a fome. E o desastre não era apenas anunciado, era real. E o um dos lados, aquele que ava a carga de cuidar, ficava a cada dia mais esmaecido.

Hoje, a equação mudou. A mulher independente financeiramente já não precisa da relação — ela a escolhe. E isso assusta quem ainda acha que o amor se conquista com poder. Respeito virou o novo cimento das relações duradouras. Não se trata de submissão, mas de iração mútua. É preciso evoluir junto ou, no mínimo, não atrapalhar o voo do outro.

E a paixão? Ah, a paixão… Fugaz, sim. Mas não precisa morrer. Ela pode se transformar em algo menos explosivo e mais profundo: a intimidade. A vontade de continuar conhecendo quem já se conhece. O toque que conforta mais do que excita. O riso partilhado, a memória construída, os silêncios que não incomodam mais.

Existe uma fórmula? Talvez a única seja entender que não há fórmula. Cada relação é um universo em expansão, cheio de pequenos big bangs e noites escuras. Requer escuta, presença, renúncia, coragem e, acima de tudo, a decisão cotidiana de permanecer — não porque precisa, mas porque ainda quer.

E é isso que celebramos no Dia dos Namorados: não só o início, mas a escolha de continuar. Que os ciclos se renovem, que os meios sejam férteis e que os fins, se vierem, sejam também atos de amor.

Amor que dura é escolha. É silêncio que escuta. É espaço que acolhe. E, acima e antes de tudo, é coragem de amar o outro inteiro, inclusive nas partes que ainda estão por nascer.

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